A Terapia Cognitivo-comportamental se adaptou às características das consultas online, em meio às dificuldades da pandemia. A avaliação foi feita pela diretora Pedagógica do CETCC – Centro de Estudos de Terapia Cognitivo-comportamental, mestra Eliana Melcher Martins e pelo professor da pós-graduação em Neuropsicologia do hospital Albert Einstein, psicólogo Bruno Reis, durante uma das lives do AconteCETCC. 

Com o tema “Depressão e ansiedade também são uma pandemia? É hora de TCC”, os especialistas avaliaram a aplicação das várias técnicas e estratégias para diminuir o sofrimento dos pacientes, mas chamaram a atenção para a impropriedade de usar os recursos da TCC fora de contexto, sem a fundamentação adequada. 

A professora Eliana Martins avaliou o início da pandemia como de uma adaptação muito difícil no processo psicoterápico que vinha ocorrendo presencialmente: “Porque na terapia você tem que estar um do lado do outro, tem que acolher esse paciente, muitas vezes amparando esta pessoa. Pensávamos: como fazer isso online?”

- No ano passado os pacientes realmente sumiram, fizeram quarentena e não foram ao consultório. Aí, conforme a necessidade, foi inevitável que as pessoas, ainda deprimidas ou com algum transtorno de ansiedade, nos procurassem novamente. Elas também tiveram que se adaptar. Perceberam que podiam mexer no computador, aprender a nova técnica que foi tão difícil pra gente enquanto terapeutas quanto mais pra eles. Mas logo todos começaram a praticar e hoje todos os nossos atendimentos são online – disse ela.

Eliane Martins aponta outra vantagem: “as pessoas se dão conta de que perdiam muito tempo no trânsito, às vezes era impossível chegar na hora marcada. Acabavam procurando um profissional que estivesse mais perto de casa. Hoje no online a gente atende pessoas de outros estados, de outras cidades, de outros países. A terapia online veio facilitar”.

Ela prosseguiu dizendo que “a TCC, tem uma facilidade muito grande por conta desse “olho no olho”, dessa possibilidade de fazer a conceitualização cognitiva, quando você entende qual é a crença central, qual é a intermediária, quais são os estilos de enfrentamento que o paciente apresenta na vida. Quando você faz essa análise e promove com o paciente esse empirismo colaborativo, tudo fica muito claro e acontece um fenômeno maravilhoso, esse vínculo com essa pessoa, porque ela vai fazer aquilo que você propõe por confiar em você.  Se numa terapia online você proporciona ao paciente todos esses recursos, é óbvio que ele vai ficar com você e vai melhorar, que é o nosso objetivo maior”.

O professor Bruno Reis Bruno acrescentou que “o objetivo da TCC é que o paciente se torne o seu próprio terapeuta, estamos o tempo todo entregando as ferramentas para o paciente, descobrindo junto com ele, o que chamamos de uma “descoberta guiada”, uma técnica importante na TCC. Uma outra técnica pilar da TCC, que nos diferencia de outas abordagens, é a psicoeducação. É ensinar para o paciente sobre a abordagem da TCC, explicar para que serve aquela técnica que estamos aplicando, orientar para que ele faça em casa. No atendimento online com a TCC isso continuou sendo possível fazer. Então, a gente está sempre junto com o paciente”.

Destrinchando a técnica, a diretora pedagógica do CETCC seguiu: “Você vai explicar para o paciente o que é o transtorno, como ele se instala, de onde se originou, qual é a função dele na história daquela pessoa. Ainda existem muitos mitos sobre a depressão, transtorno de pânico, e outros males. A pessoa quando está em pânico, pensa que vai morrer, que tem um ataque cardíaco, que sofre do coração ou que vai enlouquecer. Então a gente precisa oferecer para o paciente uma explicação sobre o que são esses males e como vai ser o tratamento. Para não acontecer, não desmerecendo outras abordagens, de você chegar no consultório e o profissional ficar te olhando e você fica olhando pra ele uma hora seguida, como já aconteceu comigo, e ele não explica o que eu tenho e como será o processo de tratamento”, exemplificou

A Terapia Cognitivo-comportamental tem muitos recursos. E para a professora Eliana Martins mostra que eles são utilizados tanto durante as sessões, quanto em casa. “Estas tarefas de casa são um recurso para que a pessoa faça terapia durante toda semana, não só no dia da sessão. Ela vai ter uma atividade, uma reflexão pra fazer. Assim vai comprovando que a nova forma de pensar vai fazer toda a diferença na vida dela, melhora o humor, melhora o comportamento”. 

O professor Bruno Reis alertou que  “na TCC somos muito ricos em técnicas, tanto que pessoas de outras abordagens querem as nossas técnicas, mas descontextualizadas. Todo mundo quer saber das nossas técnicas. Mas como dizemos lá nas supervisões do CETCC, precisamos entender bem e conceitualizar bem o caso. Aí todo aquele arsenal de técnicas que se aprende nos cursos pode ser usado, vocês vão poder escolher a melhor técnica”. 

A professora Eliana reforçou a necessidade de boa conceitualização: “às vezes as pessoas precisam mudar o pensamento, outras vão precisar mudar o comportamento, outras ainda vão para resolver um problema, então a gente precisa primeiro entender o que aquela pessoa está precisando. Nossa preocupação maior é entender como é que essa pessoa vê esse mundo, vê a si mesmo, vê seus projetos de futuro, a famosa tríade cognitiva de Beck. Depois a gente pensa que técnica será utilizada. Primeiro é preciso ver o ser humano como um todo, ali na nossa frente, identificar o que ele precisa, realizar um diagnóstico que contemple essas necessidades e delinear um plano de tratamento, tanto na forma online, como na forma presencial”.


Encontre muito mais informação nas lives de março do AconteCETCC em:

https://youtube.com/playlist?list=PLIHaneowxYAtwLCia4O-heAJBCRyQ_TcO

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