Quando começou seu segundo curso superior - era formada em Letras - Eliana Melcher Martins já era casada, com filhos crescidos e dava aulas para completar o orçamento doméstico. Psicologia sempre foi um sonho. Já durante o curso na FMU, faculdade particular reconhecida na área, pensava em trabalhar atendendo. Mas sempre ouvia que seriam necessários muitos anos, pelo menos cinco para conseguir clientela suficiente para viver e manter o consultório.

Durante o curso, Eliana foi apresentada à Terapia Cognitivo- Comportamental pela professora Fátima Vasques* e conta da experiência:

- Naquela época a gente tinha a psicanalise como a grande abordagem que se estudava. É muito interessante, mas eu percebia também que era muito difícil de trabalhar. Quando conheci a TCC percebi que era a minha cara e decidi: preciso aprender essa abordagem para trabalhar melhor. Porque é diferente da psicanalise, que fica muito naquela espera do paciente ter insight, ir se revelando com o tempo. Em termos práticos é muito demorada. Hoje em dia, nossa vida é muito prática, as pessoas não têm tempo de ficar esperando muito para ter essa revelação. Então quando a Fátima ofereceu o curso de formação, eu fiz junto com o terceiro ano da faculdade. Gostei muito. E logo em seguida fiz também o curso de supervisão com ela.

Quando terminou toda a formação em TCC, Eliana Melcher começou a montar grupos de estudos de TCC com quatro ou cinco pessoas. Com sua prática didática como professora de Inglês e português e mais o gosto pela nova abordagem, começou a se destacar e passou a cobrar para ensinar. A TCC era completamente desconhecida no Brasil e atraia a atenção. Logo os cursos da prof. Eliana começaram a ser mais procurados e ela se animou a criar uma escola, o Centro de Estudos em Terapia Cognitivo- Comportamental - o CETCC.

Enquanto o interesse dos alunos aumentava, a professora Eliana seguia sempre estudando. FEZ o curso de especialização da Unifesp e em seguida o mestrado. E de lá, uma grande realização: foi aprender direto na fonte, no Instituto Beck. Lá conheceu o criador da Terapia Cognitiva-Comportamental, Aaron Beck, um psiquiatra e psicanalista norte-americano. Insatisfeito depois de tentar levar à psicanálise as bases científicas, Beck desenvolveu sua própria abordagem, que pudesse ser estudada e comprovada. Assim desenvolveu escalas de métrica de ansiedade e depressão, usadas largamente e que levam seu nome. O trabalho de Beck levou a TCC e suas linhas a formar um terceiro tronco fundamental da psicoterapia, ao lado da Psicanálise e todas as suas derivações, e as Humanistas.

Eliana Melcher acompanhou este movimento da TCC e conta como foi a percepção aqui no Brasil: “A gente percebia uma onda que vinha vindo já com esse interesse, os próprios psiquiatras, tinham conhecimento da abordagem e indicavam os psicólogos para encaminhar os pacientes psiquiátricos para uma terapia mais breve, uma terapia mais eficaz, uma terapia. Na verdade, a brevidade é que chama a atenção das pessoas que procuram a TCC. Agora o boom mesmo foi por volta de 2010, quando realmente com os cursos foram aumentando, as pessoas começaram a ficar mais interessadas, justamente por esse interesse, por uma terapia que tem uma linguagem com a medicina, com a psiquiatria, muito interessante. E hoje ela está aí mostrando que realmente vem suprindo o interesse das pessoas. A psicanálise é muito forte aqui, mas eu acredito que daqui uns tempos a TCC e as outras terapias de terceira onda vão dominar”, conclui.


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*Fatima Vasques, especialista em Psicologia Clínica e coordenadora do Grupo de Estudos do Comer Compulsivo e Obesidade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP