Assim como nós adultos, as crianças também estão tendo suas vidas afetadas, rotinas alteradas e experimentado medo, dúvida, insegurança e desejado resposta de quando tudo isso vai acabar. Enquanto adultos também queremos essa resposta e gerir a verdade de que não a temos e não sabemos quando teremos tem sido um grande desafio a ser aprendido. Diante de um cenário tão incerto, a crença de que tenho que ter reposta, tenho que ter soluções ficam ainda mais ativadas e com isso as emoções desagradáveis como medo e raiva tornam-se mais frequentes e intensas, podendo influenciar significativamente a forma de agir, comportar-se no dia a dia.
Penso que alguns princípios colocados em prática pelos pais podem oferecer acolhimento, segurança e proporcionar alívio para a criança.
Falar sempre a verdade e não fazer de conta que nada está acontecendo é um dos princípios. Ser sincero e permitir-se dizer inclusive que não sabe, mas que estão juntos para passar por isso. É libertador permitir-se admitir que não tem que saber tudo. Ofereça informações de fontes seguras, sem excesso, respeitando a idade da sua criança. Livros e vídeos são ótimos recurso para orientar os pequenos.
Evitar falar o tempo todo deste assunto é protetivo para a saúde emocional tanto da criança quanto dos pais.
Valide as emoções da criança, principalmente as desagradáveis como o Medo. É normal e esperado sentir medo mediante o que está acontecendo. Dê espaço para falar do medo e de outras emoções. Falando, a criança (nós adultos também) elabora, ressignifica, dá um novo sentido para o que está pensando e consequentemente muda sua forma de sentir e comporta-se.
Dizer “não precisa sentir medo”, não ajuda. Precisa sim, o medo tem a função de preservação, proteção, nesse momento por meio do medo sou levado a comportamentos responsáveis.
Ajude a criança a reciclar seus pensamentos nos que ajudam e não ajudam e as encorajem a alimentar os que ajudam.
Exemplo de pensamentos que não ajudam: "e se não acharem a cura"; "e se alguém próximo a mim morrer"; "e se demorar a passar". São pensamentos que geram e intensificam o medo, a preocupação e a ansiedade. Causam reações fisiológicas como coração acelerado, boca seca, náusea e ao comportamento de choro frequente.
Exemplo de pensamentos que ajudam: "tenho medo que não achem a cura, mas em outros momentos já encontraram a cura para outras doenças"; " o fato de alguém próximo a mim poder pegar o vírus não significa que ela vai morrer"; "não tem problema eu sentir medo, porque o medo me ajuda a ter comportamento responsáveis"; " o fato de pensar coisas ruins não significa que vão acontecer, porque são apenas pensamentos".
Ao reciclar os pensamentos, torna-se possível experimentar a emoção alívio mesmo sentido medo e consequentemente abre espaço para brincar, ler, se divertir.
Como reciclar os pensamentos? Abrindo espaço para falar sobre eles, pensando sobres eles por outras perspectivas, avaliando se são cem por cento verdadeiros, ou em partes, ou em nada verdadeiros.
Acolha, ouça, aponte comportamentos que deve-se ter nesse momento (prevenção), cuide-se, perceba-se, aceite e valide suas emoções, acolha-se e permita-se ser acolhido.
Lembre-se: para cuidarmos, precisamos nos cuidar.
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