Muito têm se pesquisado sobre a influência que os pais exercem no desenvolvimento da criança. De acordo com Weber (2012), estilos e práticas parentais são algumas das áreas mais pesquisadas. As estratégias que os pais usam para disciplinar comportamentos específicos são chamadas de práticas parentais e o estilo, refere-se a um conjunto de comportamentos e atitudes que envolvem a relação pais e filhos, como expressão corporal, tom de voz e mais as práticas parentais. As pesquisas apontam dois fatores que, associados, geram o estilo parental: a responsividade que diz do afeto e envolvimento e a exigência que faz menção às regras e limites. Weber (2012), cita em seu livro Eduque com carinho, equilíbrio entre amor e limites, que pesquisadores americanos apontam quatro estilos básicos, são eles: Participativo, Autoritário, Permissivo e o Negligente. Os estudos sugerem que em um momento ou outro os estilos se misturam, ou uma característica de um determinado estilo pode ficar mais evidente, mas comumente os pais terão um estilo que sobressairá na relação com os filhos. Vale a pena ressaltar que pode acontecer de a mãe apresentar um estilo e o pai outro, podendo ser bom ou ruim esse arranjo para a criança. A seguir abordarei os quatro estilos, busque identificar qual é o seu estilo e se ele tem contribuído na relação pais e filhos. 

No estilo Autoritário, encontramos muita regra e pouco afeto. Pais com este estilo possuem um alto grau de exigência, pouco envolvimento e afetividade. Normalmente têm como alvo a obediência e o controle, e para este fim, aplicam regras rígidas e inflexíveis. As perspectivas do filho não são levadas em consideração, assim como seus sentimentos. Como resultado na prática deste estilo, podem desenvolver filhos com pouca autonomia, baixa autoestima, e podem desenvolver um pressuposto que para ser amado é preciso fazer tudo que o outro quer, ou se anular para ser amado. 

Já no estilo Permissivo, a equação é pouco limite e muito afeto. É baixíssimo o grau de exigência, fica a critério dos os filhos as regras da casa. Levam em conta em demasia a perspectiva dos filhos, abandonando suas próprias, inclusive sua autoridade. Pais com este estilo, apresentam medo de dar “nãos” para os filhos, pois temem não serem amados ou perderem o amor deles. Como consequência, tendem a ter filhos com pouca tolerância a frustração, que acreditam que nas relações a regra é apenas receber, e não doar e receber. Outro efeito possível é uma distorção no senso de autoeficácia, ou seja, podem se ver com não capazes de fazerem as coisas por si mesmos. 

O estilo Negligente caracteriza-se por quase ausência de regras e limites e de afeto e envolvimento. Não se envolvem no seu papel de educador, modelo para os filhos. Podem se denominar ocupados em excesso e/ou desinteressados ao ponto de não se envolverem na educação dos filhos. Geralmente são confusos e inseguros quanto ao que fazer. As pesquisas apontam, que este estilo traz as consequências mais negativas para uma criança. Pois além de poderem apresentar baixo desempenho escolar, comportamentos antissociais e problemas afetivos são levantados. 

Apontados pelos pesquisadores, o estilo Participativo integra os dois fatores que são essenciais para o desenvolvimento saudável de uma criança, a responsividade e a exigência. Neste estilo os pais são coerentes e constantes, fazem cumprir os limites e regras estabelecidas. Porém, elas são claras e respeitosas. Levam em consideração as perspectivas e os sentimentos dos filhos.  No que tange ao envolvimento, intencionalmente dedicam tempo para brincar juntos, o afeto é o elo da relação. Oferecem espaço para darem suas opiniões, incentivam a participação nas tomadas de decisão e são antenados às oportunidades para elogiar, corrigir, encorajar e valorizar. Filhos de pais com este estilo parental, sentem-se amados, importantes, valorizados, compreendem a função do respeito mútuo, sabem as consequências dos comportamentos adaptativos e desadaptativos, e a responsabilidade que lhe cabe em ambos. 

Conhecer e tomar consciência destes estilos, permite ao terapeuta ajudar os pais a darem resposta para a seguinte pergunta: O Estilo Parental que pratico, me leva para perto dos valores e princípios que quero ensinar para meus filhos? Caso a resposta seja não, poderão trabalhar colaborativamente para que o estilo parental praticado seja coerente com os valores que deseja desenvolver no filho.


Um grande abraço,


Ana Paula Moreira

CRP 06/105482

Psicóloga – Crianças e Adolescentes  

Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental 

Contato: 12-99231-3125


Referência Bibliográfica

Weber, Lidia. Eduque com carinho: Lidia Weber. / 4a ed., 11a ti r./ Ilustrações de Benett. / Curitiba: Juruá, 2012.