Essas ideias permeiam diversos transtornos mentais como a Depressão, Transtorno Obsessivo-Compulsivo e Transtornos de Ansiedade como Fobia Social, Transtorno de Ansiedade Generalizada, Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT), Fobia Específica e Transtorno de Pânico.


Quais os caminhos para lidar com a preocupação?


Robert Leahy, uma das maiores autoridades em Terapia Cognitivo-Comportamental, apontou em seu livro Como lidar com as Preocupações os sete passos para lidar com a preocupação. Esses consistem em:


1. Diferenciação das preocupações produtivas e improdutivas: a preocupação produtiva auxilia na resolução de problemas e direciona a uma ação como, por exemplo, a realização de uma palestra, é importante pesquisar sobre o tema, o público e treinar diversas vezes o discurso. As preocupações improdutivas consistem naquelas que envolvem diversos “e se”, mas que não mobilizam a uma ação prática. São previsões de aspectos que não se tem controle. Para realizar essa diferenciação é necessário considerar se o problema é aceitável, verificar se pode ser feito algo de imediato ou em pouco tempo e agir na solução da questão.

2. Aceitação da realidade e comprometimento com a mudança: o indivíduo preocupado tem uma grande dificuldade de aceitar as incertezas. Busca-se ajudá-lo a aceitar a realidade e suas limitações. Aceitar não implica em gostar daquilo, apenas em aceitar as coisas como são, sem julgamento. Mostra-se ao sujeito como ele já lida com incertezas na sua vida. Após aceitar, pode existir o comprometimento com a mudança, escolhe-se fazer o que precisa ser feito, ainda que não seja o que ele gostaria de fazer. Isso irá gerar um desconforto construtivo, mas que irá contribuir para um progresso pessoal.


3. Contestação da preocupação: quando se está preocupado há uma tendência a pensar de forma distorcida, negativa e pessimista. Isto leva a pessoa a cometer diferentes distorções cognitivas como a rotulação, leitura mental, polarização, adivinhação do futuro etc. Essas ideias precisam ser questionadas através de questões como: quais as evidências de que o pensamento é real? Existe alguma explicação alternativa? O que de pior poderia acontecer? Qual a probabilidade disso acontecer? O que eu diria a um amigo que estivesse passando por essa situação?


4. Focalização da ameaça mais profunda: as preocupações estão associadas as crenças centrais (nucleares), ou seja, a visão mais profunda e arraigada de si. Essas preocupações podem revelar crenças de rejeição, inferioridade, incapacidade, desamparo, desamor etc. Após identificadas, elas precisam ser contestadas. Algumas formas de modificar as crenças consistem em: avaliar os custos e benefícios da crença, verificar evidências, agir de forma contrária a crença, escrever afirmações positivas/alternativas etc.


5. Transformação do “fracasso” em oportunidade: geralmente, as preocupações são uma forma de prevenir e antecipar tudo que pode dar errado para prevenir o fracasso. Mas é preciso mudar a forma de ver o fracasso. Por exemplo, percebendo que o fracasso não é fatal, perceber que o comportamento foi falho e não o sujeito, focar no que pode ser controlado aprender e ser desafiado pelo fracasso etc.


6. Utilização das emoções ao invés de se preocupar com elas: a preocupação é uma forma das pessoas não precisarem lidar com emoções desagradáveis. Elas fazem isso, pois acham que não conseguem tolerá-las, cobram-se de serem mais racionais e creem que suas emoções farão com que percam o controle. É ensinado aos preocupados que aceitem suas emoções e que aprendam como elas sinalizam valores importantes.


7. Assumir o controle do tempo: os preocupados possuem um senso de urgência que os leva a querer respostas instantâneas. Eles são ensinados a reduzir esse imediatismo, planejar as atividades que precisam ser feitas, organizar o tempo, apreciar o momento presente e a reduzir o medo do futuro. 


Quando a preocupação é excessiva ela é paralisante, foge do controle, ela pode levar o indivíduo a adotar comportamentos de esquiva prejudiciais que reforçam seus medos. Mas, ao passo, que ele compreende, aceita e desenvolve estratégias para lidar com ela, sua vida pode se tornar mais leve. 


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