Terapeuta, a sua terapia está em dia?

Leila Sleiman


A intensa demanda de atividades, os inúmeros papeis que você desempenha e o bombardeamento de informações podem fazer você perder de vista a necessidade de cuidar de si. 

A terapia é uma forma de cuidado conosco. A sua ausência pode reverberar sobre a vida daqueles a quem dedicamos nossa atenção e cuidado.

As crenças e esquemas do terapeuta podem afetar o processo psicoterápico. Ao negligenciar isso, você coloca em risco a relação terapeuta-paciente e os resultados do seu trabalho.

Leahy (2001) compilou os principais esquemas dos terapeutas na relação terapêutica, são eles:

- Padrões rigorosos: a pessoa estabelece padrões muito altos. Exige de si a cura de todos os seus pacientes. Tem expectativas em relação aos pacientes apresentarem resultados excelentes.

- Pessoa especial, superior: o terapeuta espera que os pacientes reconheçam tudo o que ele faz. Cobra de si mesmo não se aborrecer na terapia.

- Sensibilidade à rejeição: não aborda questões desconfortáveis para o paciente, pois acredita que conflitos são perturbadores.

- Abandono: acredita que os pacientes podem se chatear a abandoná-lo. Incomoda-se muito se os pacientes param a terapia. Pensa que ficará sem pacientes.

- Autonomia: sente-se controlado pelo paciente, o qual estaria limitando a atuação do terapeuta. Este se exige de conseguir fazer aquilo que deseja.

- Controle: tem a necessidade de controlar as pessoas e seu ambiente.

- Julgador: parte do princípio de que algumas pessoas são más. Pensa que quando alguém erra deve ser punido.

- Acusação: constantemente se sente acusado e provocado. Tem dificuldade de confiar nos outros.

- Necessidade de aprovação: espera que o paciente goste dele.

- Necessidade de gostar dos outros: exige de si mesmo que goste de todos os pacientes, se isso não ocorre se cobra.

- Afastamento: busca reter os pensamentos e sentimentos do paciente. Sente que se afasta emocionalmente do cliente na sessão.

- Impotência: questiona a sua competência. Sente que não sabe fazer nada. Eventualmente, sente vontade de desistir.

- Inibição dos objetivos: pensa que o paciente está o atrapalhando de alcançar seus objetivos. Sente está perdendo tempo.

- Autossacrifício: prioriza as necessidades do paciente em detrimento das suas próprias. Cobra-se de fazer seus clientes se sentirem melhor e se esforça excessivamente para isso.

- Inibição emocional: se sente frustrado por não poder ser ele mesmo e demonstrar seus sentimentos na sessão.

Essas são algumas formas que as emoções e crenças do psicólogo podem aparecer e impactar na terapia. Por isso, é importante que você compreenda que, muitas vezes, será necessário se permitir passar por um processo de terapia para reconhecer e reestruturar seus esquemas disfuncionais.

Além disso, o processo de terapia para o psicólogo pode ser muito valioso, pois reforça, cada vez mais, aquilo que, ao final, somos: humanos.

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LEAHY, R. L. (2001). Overcoming resistance in cognitive therapy IN Leahy, R. L., Terapia do Esquema Emocional: Manual para o Terapeuta. Porto Alegre: Artmed, 2016.